Diario de Bordo II

Minha viagem esta cada vez mais surreal. Depois de conhecer muita gente de forma inesperada e ser confundida com a Ivanka Trump, chegou a vez de eu arrumar um trabalho. Assim, do nada. Mandei um e-mail para um amigo (que conheci um dia antes de eu viajar) brincando, perguntando se ele nao arrumava algo futuramente aqui em NY pra mim. E ele arrumou, so que para o mesmo dia. Acabei desmarcando uma visita que tinha prometido a uma grande amiga e fui ver o que o Jeremy tinha me arrumado. Fui ao local combinado com o Cristian, um dos funcionarios do meu amigo.
Era uma feira de produtos naturais e coisas espirituais (astrologia, numerologia, etc). Juro, nunca vi tanta gente estranha reunida no mesmo lugar em toda a minha vida. Uns andavam com umas piramides na cabeca, outros eram totalmente 'birutas'. O estande onde trabalhei (da Sambazon - que vende acai) era o mais normal do lugar. O estande que ficava na frente do nosso, por exemplo, vendia um livro chamado 'Falando com amigos imaginarios'...Um outro, lia a mao - e, acreditem, o cabelo - por 60 dolares. Passei nesse do cabelo so pra ver como funcionava e ele me deu uma amostra: puxou meu rabo de cavalo e disse: "Estou vendo que voce se parece com sua mae". Ah~a.
Entre os freaks que passaram pelo Sambazon, estava um 'tio' que tinha um estande ao lado de nao-sei-o-que, que jurava modificar os compontentes nutricionais dos alimentos. "Esta vendo esta bebida", o tio me perguntou, apontando para o acai que estavamos oferecendo de amostra. "Sim", respondi. "Entao presta atencao", disse o cara. Em seguida, ele comecou a tremer a mao de um jeito que eu pensei: "Coitado, deve ter Mal de Parkinson!". Mas nao, ele estava energizando meu acai. "Estou colocando vitamina K, mais vitamina C", dizia. Dai, ele deu a bebida para eu beber. "Esta diferente, nao esta?". Nao estava. Mas eu respondi que sim. Tadinho!
Um senhorzinho que tinha passado pelo estande me parou no corredor a hora em que eu estava indo ao banheiro. Ficamos conversando e ele me disse que era numerologo, e que eu era muito 'doce' e por isso ele ia fazer uma consulta gratuita pra mim. Ele me disse muitas coisas que realmente acontecem comigo, todas relacionadas a familia e ao trabalho. Me disse que vou ser muito bem sucedida profissionalmente (hope so!), que eu so penso em trabalho e que eu preciso aprender a dizer nao porque eu sempre aceito todas as tarefas que me dao e depois nao consigo cumpri-las porque fico 'overbooking'. E verdade. Falou tambem que eu adoro sair com minhas amigas para qualquer evento. Tambem e verdade. Mas, adivinhem o 'gran finale' da consulta??? "Humm... sinto muito. Mas voce nao vai casar. Eu nao gosto de ver isso para as pessoas, mas infelizmente nao vejo um relacionamento estavel aqui nos seus numeros. Voce so pensa em trabalho, e na verdade voce precisa trabalhar muito para manter uma relacao. Mas voce nao gosta desse tipo de trabalho. I'm sorry!". Vendo minha cara de desolee, ele tentou me consolar. "Nao sei, pode ser que mude mais tarde". Sera?

Diario de bordo I

Dava para ser uma sequencia da menina que disse para um amigo da minha amiga que ele era um "changeman". Mas nao foi. Essa eu presenciei, e veio de um amigo meu que nao domina muito bem o ingles. Quando o taxista espirrou, ele disse, gentilmente: "Pleasure!".

Eu e Ella

Finalmente conheci minha irmazinha americana, a Ella Victoria. Somos muito parecidas fisicamente, e nossos olhos sao iguaizinhos. Ella tem quatro anos e 'e muito esperta. 'E tambem uma matraquinha, nao para de falar um so minuto. Sim, ela se parece comigo.

Ella - Como voce pode ser minha irma sendo que voce ja e adulta?
Eu - Sou sua irma pois nos temos o mesmo pai.
Ella - Mas olha, voce pode parecer mais nova se quiser. E so agir como eu.
Eu - Eu nao posso agir como voce pois eu ja sou adulta.
Ella - Humm...Tudo bem. Eu ainda gosto de voce. E voce ainda e minha irma. Ah, e sua pele continua macia (ela tinha me falado mil vezes que minha pele era macia).

Diario de bordo

- Em plena Times Square, eu tava no telefone e apareceu um mega rato do lado do meu pe. Era quase um gato. Dei um grito e ele se assustou mais que eu, coitado. Argh!
- Ontem eu fui passar frio no observatorio do Empire State Building. De repente, ouco um seguranca explicando para o outro o que era um chupa cabra. "It`s a creatura that eats meat (E uma criatura que come carne)", disse o cara. Fui pedir para ele tirar uma foto minha, dai aproveitei para perguntar se ele era brasileiro (achei que a lenda do chupa cabra so tinha no Brasil). Ele disse que nao, e quando eu falei que eu era, ele me perguntou se o chupa cabra existia mesmo. Respondi que nao, e ele apontou para a "cupula" do predio e disse: "Existe, sim. E ele mora ali".
- Estava no onibus hoje quando um velhinho comecou a me olhar e mexer a boca. Vi que ele estava falando comigo, e fui ouvir o que era. Ele me perguntou: "Voce e a Ivanka Trump?" (Ivanka e a filha do milionario Donald Trump, que esta na foto acima). Um outro senhorzinho que estava ao lado entao disse: "Se for ela, o que voce faz em um onibus?". Quando o primeiro ouviu minha resposta negativa, ficou super sem graca, e comecou a perguntar para as pessoas que estavam no onibus: "Mas ela nao parece a Ivanka Trump???".

Treze...ou sera cinco???

Depois de um dia muito corrido e tenso, com direito a pequenas confusoes, uma viagem sem querer para Atibaia e um grande atraso (meu voo era as 21h30, e eu cheguei no aeroporto as 20h30), embarquei rumo a Nova York. Achei que tinha entrado no aviao com o pe direito. Mas nao. Minha poltrona era no fundo da aeronave (reclinacao zero). Cada lugar tinha sua propria telinha, onde dava pra escolher o canal da tv, ver a rota da viagem ou ouvir musica. Logo pensei: "nossa, nove horas e pouco de voo...imagina a coitada da pessoa que senta no lugar com a telinha quebrada?". Logo testei a minha e...(ufa!) funcionava. O aviao levantou voo e eu decidi ver um filme. Nao e que o negocio tava com poltergheist e os canais ficavam mudando sozinhos, alucinadamente? Fui obrigada a desligar e ficar sem tv. Pensei: "tudo bem, eu precisava dormir mesmo". Ao chegar em NY, deu tudo certo. A mala chegou rapido, sem problemas. Na fila da imigracao, fiquei atenta as perguntas que os caras faziam. "Voce gosta do Mickey Mouse", perguntou um dos funcionarios para uma brasileira. Achei que iam fazer uma pergunta semelhante pra mim, e ate ja estava pensando em qual personagem da Disney era meu predileto. Quando chegou na minha vez, o cara perguntou: "Voce esta trazendo algum alimento?". "Nao", respondi, mentindo (a amiga da minha avo tinha encomendado um cha de jurubeba, e ele estava na minha bagagem). "Ok, voce pode abrir sua mala pra eu ver?", insistiu o mala. Abri morrendo de medo dele ver a jurubeba. "Como vou falar isso em ingles...jurubabys?", eu pensava. Mas ele so deu uma revirada por cima (foi superconstrangedor...era sutia pulando pra fora, um horror) e nem viu as jurubabys. Morrendo de vergonha das lingeries saltitantes, perguntei: "porque voce esta fazendo isso? Eu tenho uma cara suspeita, por acaso?". "Nao. E porque eu tenho que fazer isso a cada cinco pessoas...e voce foi a quinta!"...Sei, sei.

P.S.: Sorry, mas o teclado esta sem acento!