Retrospectiva

Hoje comemoro dois anos aqui no jornal. Entrei em 14 de junho de 2004 beeeem 'crua', menininha do interior, sem saber muita coisa. Comecei no Curiocidade, uma coluna do Marcelo Duarte (do Guia dos Curiosos) no Jornal da Tarde. Fiz muitas matérias engraçadas e, é claro, curiosas. Escrevi até sobre enterro de anão (tive que ligar para várias funerárias para descobrir se existia um caixão especial para os anões...imagina o mico!).
Em setembro do mesmo ano, fui fazer a seção de restaurantes dos guias (Estadão e JT). No meu primeiro dia, conheci o adorável Saul Galvão, renomado crítico gastronômico que sabe muito sobre vinhos. Fui com ele ao Boa Mesa (um evento de gastronomia) e logo avisei: "Olha, Saul, eu sei que vou mudar meu conceito, mas por enquanto eu gosto mesmo é de vinho doce e barato". Nem preciso contar a cara de desgosto que ele fez. Hoje eu entendo o porquê. Foi nos guias que descobri que a trufa branca é um fungo raro e precioso, e não um tipo de bombom feito de chocolate branco (achei tão estranho quando o Américo, um dos meus chefes, pediu para eu fazer uma nota sobre as trufas do Fasano...pensei "nossa, mas vai dar uma nota de trufa? Em qualquer doceira se acha isso...").
Depois de quase um ano escrevendo para os guias, vim parar no Paladar - acho que foi em setembro de 2005. Fiquei com muito medo de não dar conta do recado...a primeira entrevista que eu fiz para o suplemento (que nunca entrou pois ficou velha) foi uma tensão só. O Ilan (também meu chefe) me apavorou, pediu para eu fazer mil perguntas para o cara (François Payard). Acho que ele (o Ilan) estava com medo de me mandar fazer essa matéria, que era importante, mas como não tinha outra opção (a Néia não podia ir) ele só pôde rezar para dar certo. E deu - fiquei tão tensa que a entrevista durou três horas. Saí sabendo a vida inteira do Payard, acho que até cor predileta, filme... Mas eu entendo o medo do Ilan. Ele não sabe disso, mas quando ele veio me dizer todo empolgado "Sabe quem tá no Brasil? O Payard!", não tive coragem de perguntar: "Quem???". Acabei falando "Jura?? Nossa, que bacana. Precisamos falar com ele!!". Eu sabia que era isso que ele queria. Em seguida, entrei correndo no google para investigar quem era essa pessoa que eu nunca tinha ouvido falar.
E aqui estou eu, no Paladar, aprendendo muita coisa todos os dias. Não só coisas que uso na minha profissão, como também, na vida. E sabe o que eu aprendi nos últimos tempos? A não falar sobre minha vida pessoal nos corredores. O Ilan sempre aparece!